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“A cesárea deve ser exceção e não regra “


07.04.2014

A obstetra Marilena Pereira defende o parto natural
A obstetra Marilena Pereira defende o parto natural

Ela já perdeu a conta do número de partos que assistiu em 30 anos de carreira como obstetra. Mas, há pelo menos 20, Marilena Pereira tem priorizado trazer crianças ao mundo de maneira natural. Muitas delas nascidas em domicílio, no aconchego da família. Formada pela Ufba, seu interesse pela área surgiu após a leitura de um trabalho sobre parto de cócoras do médico curitibano Moysés Paciornik, que a ajudou a entender que este era o caminho para não se tornar mais uma obstetra a aumentar o número escandaloso de cesáreas realizados no país. O que começou de maneira intuitiva e sigilosa – por conta do temor das críticas dos colegas – popularizou-se diante da demanda de mulheres que desejavam ter filhos de forma natural. A experiência acumulada a colocou entre as referências em parto natural no Brasil e representante do Movimento Nacional pela Humanização do Parto. Atualmente, é coordenadora de obstetrícia do Centro de Parto Normal da Mansão do Caminho, no qual assiste partos pelo SUS. É também obstetra da Maternidade Climério de Oliveira, além de atender pacientes em sua clínica particular. Duas décadas depois, o cenário é outro, e ela diz que já não teme possíveis críticas.

Há médicos que fazem duras críticas ao parto humanizado, sobretudo em domicílio. Para eles, é arriscado para a mãe e o bebê. Como a senhora lida com essas críticas?

Quando comecei, há cerca de 20 anos, havia muito receio. Sabia que não estava fazendo errado, mas temia a crítica dos colegas. Me formei dentro do modelo medicalocêntrico. No meio do processo, conheci o trabalho do médico curitibano Moysés Paciornik e passei um tempo no hospital dele. Me apaixonei. Sabia que era daquela forma que gostaria de atuar. Também participei de uma conferência da Rede Nacional pela Humanização do Parto (Rehuna). Um cenário novo se descortinou para mim porque vi que existiam, de fato, evidências científicas. Encontrar a medicina baseada em evidências foi uma transformação. Isso me deu mais segurança para continuar. Inicialmente, fazia tudo de forma intuitiva e sigilosa, mas, diante da enorme demanda das mulheres que queriam ter os filhos de forma natural, o meu trabalho se popularizou. Foi a partir daí que comecei a ganhar o apoio de outros profissionais e dos pais. Hoje já não temo as críticas dos colegas. O médico que critica não sabe do que está falando, não conhece o assunto.

Quais as complicações mais comuns em um parto domiciliar?

As complicações de qualquer parto. A parada de progressão é um exemplo (quando a mulher está em trabalho de parto e para a dilatação). Mas temos formas de acompanhar essa evolução e ver até quando se pode esperar. Só quando o risco é grande, optamos pela remoção para um hospital. Também pode ocorrer febre ou algum sinal de infecção materna ou alteração da frequência cardíaca do bebê. Essas são as mais comuns. Uma hemorragia pós-parto também, mas é menos comum. Nesses 20 anos, por exemplo, nunca tive nenhuma remoção para hospital por hemorragia. E há também uma série de complicações que podem ocorrer em uma cesárea.

O que faz os médicos incentivarem suas pacientes a optarem pela cesárea?

São vários os motivos. Obstetras são pagos apenas pelo parto e não pelas inúmeras horas de acompanhamento, embora hoje isso não seja totalmente verdadeiro – vários planos de saúde remuneram, embora pouco e com restrições. Um parto normal pode durar mais de 24 horas; uma cesariana dura cerca de 40 minutos. Há o modelo de assistência obstétrica do país, a falta de leitos nos hospitais, a formação do médico, voltada para a patologia e a intervenção, enfim, são muitas coisas.

Fonte: atarde.uol.com.br

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