O cuidado em enfermagem com pacientes queimados

Enfermeira Dra. Moelisa Queiroz dá dicas sobre o tratamento de queimaduras.

21.06.2018

Em época de festejos juninos, é comum que as equipes de enfermagem atendam uma quantidade maior de pacientes vítimas de acidentes com fogos de artifício. Por isso, o núcleo de comunicação do Coren-BA fez uma entrevista com a enfermeira Dra. Moelisa Queiroz, coordenadora do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Geral do Estado (HGE), localizado em Salvador, para buscar as principais informações sobre o tratamento de queimaduras.

Para a enfermeira, realizar o cálculo da superfície corporal com precisão é um dos pontos fundamentais para o início do tratamento, pois é a partir do percentual identificado que será definido o tipo de cuidado a ser feito, a quantidade de hidratação que o paciente terá que receber para repor os líquidos do corpo e se será necessária à transferência para uma unidade de tratamento especializada.

Uma regra prática para avaliar a extensão das queimaduras pequenas ou localizadas, é compará-las com a superfície da palma da mão do acidentado, que corresponde aproximadamente a 1% da superfície corporal.

Reconhecer a profundidade da queimadura também determina como o atendimento será direcionado. Segundo a enfermeira, as queimaduras identificadas no período junino geralmente são de segundo grau superficial, com menor frequência aparecem pacientes com lesões mais graves. Em casos de queimaduras com bolhas, a conduta é individualizada, deve ser considerado o tempo de lesão, extensão da queimadura e disponibilidade de recursos da unidade.

A hidratação do paciente é de fundamental importância no tratamento das queimaduras. Quando a lesão ocorre, é comum que o paciente tenha a perda de grande volume de líquidos corporais. Se a hidratação não for reposta de forma adequada, o paciente pode chegar a ter um comprometimento da função dos rins e precisar de hemodiálise. Por isso, o volume da hidratação prescrita pelo médico deve ser respeitada. “A depender da extensão da lesão, podem ser prescritos 5 litros de soro para o paciente, e isso pode gerar receio no momento da aplicação porque não é uma dosagem utilizada com frequência”, pontuou.

Curativo – Em relação à limpeza da ferida, Dra. Moelisa lembra que água corrente é fundamental para o tratamento inicial com a posterior utilização de curativos específicos que devem ser, preferencialmente, aqueles que sejam não aderentes, que reduzam o número de trocas e a dor do paciente.

O curativo deve ser realizado em quatro camadas, utilizando um antibiótico tópico (sulfadiazina de prata) ou outra cobertura a base de prata. A(O) enfermeira(o) deve prestar atenção no período de troca dos curativos. Se o médico prescreve sulfadiazina de prata, a troca é realizada a cada 12 horas, mas se a substância for associada ao nitrato de cério, a troca é realizada uma vez a cada 24 horas.

Outro ponto importante é a forma como os dedos são enfaixados nos curativos. Esse procedimento deve respeitar a anatomia do corpo, por isso os dedos devem ficar sempre separados. Se o enfaixamento for realizado com os dedos unidos, a mobilidade do membro pode ser prejudicada, postergando a recuperação do paciente e desencadeando outros problemas.

A utilização de escalas de monitoramento da dor definem o uso dos analgésicos e outros produtos que serão utilizados diretamente na queimadura. Geralmente o paciente é questionado numa escala de 0 a 10, o quanto a sua dor pode ser definida em números. Mas, existem pacientes que não entendem essa escala, por isso é importante também reconhecer a dor pela expressão facial.

Depois do tratamento realizado em ambulatório ou unidade especializada, a(o) enfermeira(o) não pode esquecer-se de orientar o paciente a consulta de revisão para o acompanhamento adequado do comportamento da lesão.

*Moelisa Queiroz é Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia.

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