Salvador realiza a XIII Conferência Municipal de Saúde, em defesa do SUS

Presidente do Coren-BA defende a garantia do número de profissionais de enfermagem previsto por lei nos serviços de saúde

16.07.2015

Acontece na Pupileira, bairro de Nazaré, a XIII Conferência Municipal de Saúde. O evento, que teve início nesta terça-feira (14) e se encerra hoje (16) reúne gestores, profissionais da saúde, estudantes e representantes da sociedade civil, na qualidade de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), para juntos debaterem acerca do tema “Saúde pública de qualidade para cuidar bem das pessoas, direito do povo brasileiro”. O objetivo da conferência é propor soluções para levar à população uma saúde pública de qualidade.

Na manhã de ontem, quarta-feira (15), a mesa composta pelos palestrantes, professores da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Rosana Bezerra, Luis Eugênio Portela, Sandra Chaves, Carmem Teixeira, José Sestelo e Cristiano Soller discorreu sobre os eixos temáticos da conferência, tais como o Financiamento e a Relação Público-Privado; a Participação Social, a Gestão do SUS, os Modelos de Atenção à Saúde, entre outros. Ponderando sobre os aspectos políticos, econômicos e sociais da saúde, os palestrantes ressaltaram que a luta de cada categoria de saúde e da população deve ser constante, embora esteja à mercê das políticas econômicas. “Os gastos em saúde são necessidades da população e devem ser assumidos politicamente”, afirmou o professor Luis Eugênio. Os professores alertaram sobre o risco de a iniciativa privada transformar saúde em mercadoria, um nicho de ganho de capital em que o povo é o produto. “Não podemos nos desanimar. Temos que manter o processo de mobilização para chegar a Brasília aos milhares. É a luta da vida ou da morte. Não podemos perder a coragem!” – exaltou a professora Rosana Bezerra.

Entre os inscritos, estavam estudantes da Ufba, representantes de grupos sociais, sindicatos e instituições ligadas à saúde. Nas discussões que se sucederam, foram abordadas questões pertinentes à deturpação da mídia sobre os serviços de saúde pública e à alienação da população, quando foi defendido que, ao povo, apenas é apresentado os erros do SUS e que os acertos não são mostrados pelos veículos de comunicação. O abandono e fechamento de Unidades Básicas de Saúde em bairros da periferia de Salvador; a falta de autonomia dos Conselhos Municipais de Saúde; a realidade da formação dos estudantes – diante da comercialização da saúde – também foram lembrados. A reforma do sistema político e o financiamento da saúde, além do avanço da indústria alimentícia associada ao aumento dos casos de câncer esquentaram as discussões.

Durante toda a manhã, a presidente do Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA), Maria Luísa de Castro Almeida, e a vice-presidente Laurinda Lula Machado estiveram presentes à conferência. Em sua fala, Maria Luísa falou da forma como a saúde pública vem sendo atacada e ressaltou as ações civis públicas que têm sido empreendidas pelo Coren-BA junto ao Ministério Público Federal, no sentido de garantir uma atenção de qualidade para a população, através da garantia de profissionais no quantitativo previsto em lei.

No período da tarde, os participantes formaram grupos para levantarem propostas de melhorias com base nos eixos temáticos expostos nas palestras. As atividades foram concluídas com um ato público em defesa do SUS realizado pelas ruas do centro da cidade. Nesta quinta-feira (16) o evento terá, no período da manhã, a continuação das discussões destes grupos e, à tarde, acontecerá a plenária final.